quarta-feira, 13 de maio de 2009

De que falamos quando falamos de cientistas? (1)

Disto?
Ou isto?





Esta semana no grupo de trabalho do Teatro-Fórum falámos sobre o que os outros acham sobre o que nós fazemos. Só vale a pena ser cientista se for para descobrir a cura definitiva do cancro, a vacina para o HIV ou ganhar o prémio Nobel? (de preferência tudo ao mesmo tempo, se faz favor. E uma dose de batatas fritas)

Andam pais a financiar licenciaturas aos filhos para seguirem uma profissão que é mais uma paixão, entregam-se muito e ganham pouco, sem grandes garantias de futuro, para além de terem de levar com os vizinhos "mas afinal ela estuda ou trabalha?"

O primo afastado pergunta se lhe sintetizamos uns comprimidos fixes para o sábado à noite, não é para isso que serve a química, ou se trazemos bichinhos nos bolsos, daqueles que têm doenças e espalham o caos. Se já explodimos a cozinha da avó ou se passamos o dia na biblioteca a gastar os olhos e a perder o sol. Se com a engenharia genética dedicamos o tempo a produzir bagos de arroz do tamanho de abóboras ou se já clonamos pessoas às escondidas ali para os lados de Oeiras, onde ninguém vê. Quando falamos em trabalho de campo pensam que plantamos batatas, a física de partículas soa a insulto gratuito e convém esconder a formação em engenharia electrotécnica para não pensarem que se conserta frigoríficos e microondas.


O que é que os não-cientistas acham que é isto de andar a fazer ciência?

2 comentários:

Anónimo disse...

Melhor explicar o que fazem como se fosse para bébes..

O primo,esse facista, nunca partilhou essas cenas sintetizadoras.

Joana Lobo Antunes disse...

tomaremos essa dica em consideração. O problema é que explicando como se fosse para bebés fica apenas uma camada superficial que não esclarece e não aproxima.

Os primos são quase todos fascistas, é melhor nem lhe contar dos meus.