terça-feira, 26 de maio de 2009

De que falamos quando falamos de cientistas? (2)

Disto?

ou disto?


Há muitas maneiras de se começar a ser cientista, mas a maioria começa com uma bolsa. Não é a bolsa que faz deles investigadores, mas é o que lhes paga as contas. Para informações sobre este assunto podem consultar o site da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e aceder ao Guia do Bolseiro da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica.

A maioria dos jovens investigadores científicos são efectivamente bolseiros, e cada vez mais. O que não significa que sejam estudantes: são trabalhadores em ciência e/ou tecnologia, sempre em formação como qualquer bom profissional de qualquer área. Apesar de não auferirem subsídio de férias ou de Natal. Mas têm férias. E Natal.

Há quem acumule essa função com a docência no Ensino Superior, o que significa uma carga às vezes bem pesada. Dar aulas é muito mais do que as horas na sala de aulas, implica preparação e seguimento dos estudantes e sua avaliação. E o tempo que não estica, que não estica.

No grupo de trabalho de Teatro-Fórum temos bolseiros para todos os gostos e feitios, e de várias áreas científicas - e mulheres em larga maioria. Porque será?

8 comentários:

Dolce far niente disse...

Provavelmente porque os homens preferem "empregos" mais seguros e não dependentes de bolsas, e em que se verifique uma real progressão da carreira, onde há maior competitividade profissional (normalmente relacionada com o sexo masculino).
Ou entao, simplesmente os homens cientistas não gostam de fazer teatro, ou têm mais medo de se expor.
Ou então ainda, como se falou hoje nos mails do stand-up, como a maior parte dos chefes de grupo em ciencia são homens, bnão lhes sobra o tempo para as coisas giras da vida. :)

Joana Lobo Antunes disse...

Talvez porque há mais mulheres a entrar nos cursos superiores.

Talvez porque as mulheres são mais participativas em todas as áreas da sociedade (ao contrário do que as proporções políticas e de liderança fazem supor, mas isso é outra conversa).

Talvez porque sejam mais curiosas. Ou mais corajosas. que não tenham medo de fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício.

Talvez.

Alvaro_C disse...

A explicação pode estar algures por aqui:

http://www.ionline.pt/conteudo/7683-o-que-os-homens-querem-uma-mulher

Anónimo disse...

Interessante debate. Acho que uma das primeiras questoes seria, qual o numero total de investigadores convidados para este evento? Qual a percentagem por sexo? Se calhar na area de recrutamento exista uma vantagem numerica para o lado feminino?
Talvez ai' se comecasse a perceber, mas so' talvez porque nao tenho os dados :)

No meu caso, a razao e' so' um Oceano ;-)

Uma especulacao minha seria o facto de tipicamente o sexo masculino gostar de menos exposicao, e ser mais egocentrico na sua ansia de sucesso. Associado a isto estao muitas vezes razoes socio-culturais (i.e., sustento da familia).

Independentemente das razoes/desculpas (deles) esta' a ser interessante acompanhar este projecto 'a distancia :)

Cumprimentos,

Joana Lobo Antunes disse...

Anónimo, questões pertinentes.

No entanto os cientistas não foram convidados - foi aberta uma chamada a todos os interessados em todas as áreas científicas, apesar de notarmos uma preferência (ou maior à vontade) dos que pertencem a instituições envolvidas directamente no projecto.

Temos muitas pessoas das Ciências da Vida (biólogas e bioquímicas), mas também químicos, físicos, engenheiros, sociologos, psicólogos, geóloga e uma linguista.

Logo nas inscrições para o workshop inicial tivémos 83% de mulheres e 17% homens, proporção que se manteve naqueles que continuaram o processo para a fase de ensaios e é o que temos de momento - pelo menos no grupo de trabalho do Teatro-fórum.

Fiquei confusa com a razão do sustento da família, já que toda a gente que está conosco trabalha e paga as suas contas... Ou será que os homens estão mais preocupados em passar o serão a fazer companhia aos filhos, ou a mudar-lhes a fralda?

O medo da exposição é capaz de ser um bom motivo - é preciso muita coragem para se deixar ir nesta aventura, e ultrapassar a fase de ter medo de ser ridiculo em palco, para descobrir que afinal podemos ser o que for preciso.

Os cientistas ao palco são muito audazes e mostrá-lo-ão em breve a todos :)

Um oceano é também uma razão forte para não participar, por esta passa.

Anónimo disse...

Querida Joana-

obrigado pela resposta. Antes de responder, devo fazer um disclaimer "Nao estou a defender nenhum dos sexos/generos" :-)

Quando dizes "foi aberta"... foi aberta onde? onde foi anunciada? Eu cheguei aqui atraves de varios loops, saltos, e sorte. Nao duvido que tenha sido "aberta", gostava de saber onde para manter um olho nessas actividades ludico-culturais :-)

A questao do sustento, baseada em especulacao, provavelmente relacionada com questoes historicas culturais ainda fortemente enraizadas na cultura de Camoes :-)

"apesar de notarmos uma preferência (ou maior à vontade) dos que pertencem a instituições envolvidas directamente no projecto" diria normal nao? As pessoas ja se conhecem. Acho que um "estranho" integrar um grupo de 10, 20, etc pessoas tem sempre as suas barreiras...

Anyway, hei-de manter um olho por aqui e ali e ver o que andam a fazer.

Obrigado por concordares que e' uma boa razao (o Oceano). Ainda pensei nadar, mas achei que nao chegava ai' em condicoes de representar... Para a proxima? :)

Cumprimentos,

Joana Lobo Antunes disse...

Bom dia,

A call foi aberta através de mailing lists, divulgação em páginas web e parceiros de ciência e com o inicio deste blog que teve uma campanha no Público (não creio que haja um viés de género entre os que leem o jornal). (é possível que tenha sido feita mais alguma iniciativa, mas eu não faço parte da equipe de comunicação)

Sempre falando do Teatro-forum, posso dizer que 36.5% dos inscritos no workshop inicial vinham de facto dos 3 principais institutos da área de Lisboa ligados ao projecto (IGC, ITQB e IMM), e sim acho isso perfeitamente legítimo e natural. Desceu um bocadinho entre os que ficaram no processo (35.3%), mas aí depende apenas da motivação intrínseca de cada um. E considera que metade desses vêem de Oeiras para Lisboa para os ensaios - e chegam sempre a horas e com vontade de começar.

Eu tb não estou a defender género nenhum, tenho apenas pena de ter poucos homens porque limita o casting e a criação de personagens. e é impossível não reparar na predominância das mulheres neste processo de trabalho de grupo.

Curiosamente no grupo do Stand-up esta dicotomia já não se verifica - apesar de serem um grupo bem mais pequeno têm uma distribuição praticamente igualitária entre géneros - donde o teu argumento de egocentrismo masculino pode colher alguma base. Mas teremos de lhes perguntar a eles.

Se viesses a nadar pelo oceano podias não chegar em condições de representar, mas decerto estavas pronto para os olímpicos. Há que fazer escolhas, é uma maçada.

Anónimo disse...

Joana-

Obrigado pela clarificacao. Realmente nao vi isso em nenhuma pagina, e muito menos Jornal. Mas tambem digamos que nao sou a pessoa mais atenta a esses anuncios :)

Oeiras - Lisboa nao e' assim tao longe.. :)

Sim, o Michael Phelps ja me desafiou... nao percebi se para nadar ou para fumar marijuana... hei-de clarificar :)

Cumprimentos,